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Tal qual uma matrioshka (boneca russa), vamos desvendando nossas porções. A cada novo tempo, uma nova aprendizagem. Agora é o momento de nos vermos como seres holísticos que têm: corpo, organismo, cognição (intelecto), inconsciente (desejo) e mente (consciência, espírito).

ANGELINI, Rossana Maia (2011)

“A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.”

VOLTAIRE (1694 -1778)

domingo, 30 de outubro de 2011

TEXTO PARA REFLEXÃO DOS PAIS, PROFESSORES, EDUCADORES: CONVERSAR - A DISCIPLINA QUE FALTA NAS ESCOLAS, NA VIDA



        Creio que a maior dificuldade humana é compreender e desenvolver a espiritualidade, a compreensão do que dá sentido à vida. Talvez, o grande motivo é não poder ouvir nossa essência.
        Desenvolvemos tanta tecnologia para nos reinventarmos no planeta que estamos nos esquecendo da essência que nos move e que nos permite o sentido do amor. O auge de uma perspectiva materialista da vida se iniciou no século XVII, com o advento da Idade Moderna – de lá para cá – o que tem nos regido é o capital, no sentido de acúmulo desenfreado. Desde então, nossa história tem nos encaminhado para um mundo cada vez mais materialista, tendo seu auge no século XIX, quando os cientistas “matam” Deus. Nasce o cientificismo materialista. O mundo rapidamente cresce com as novas descobertas e o sistema passa a nos impulsionar para o “ter” desmedido.
        Dessa forma, o tempo fica escasso, o nosso tempo se materializa e se torna um bem de consumo “tempo é dinheiro”. Nesse ritmo, as pessoas deixam de eleger o humano como centro do processo das relações, deixam de refletir sobre a essência da vida, e as rodas de conversa saem de cena, para dar lugar ao desencanto, ao desencontro virtual. Estamos todos em rede, por meio de trocas fragmentadas e rápidas, econômicas até na linguagem, os significados e significantes, nessa nova ordem, estão reinventados, abreviados, num tempo abreviado, também. Não há mais espaço para o acolhimento, para o olhar humanizador. Tudo gira em torna da máquina, e a pessoa – o sujeito dialógico – se perde, na virtualidade de um mundo online. Volta não há. Para essa nova forma de relação, o que precisamos é reinventar o “toque humano”.
        As crianças e os jovens estão abandonados em outro lugar que ainda não compreendemos, num mundo construído com novos signos e significados, com novas formas de amar e de se relacionar. O encontro do olhar, nessa nova ordem, sai de cena. Talvez, esse movimento esteja cooperando para o aumento do bullying, do estresse, da depressão, da síndrome de burnout e de tantas outras patologias que adoecem nossa alma. Às vezes, penso que nossa vida interior não existe mais, tornou-se fruto de uma efêmera ilusão...
        Entramos no jogo... Tenho recebido muitos relatos de crianças, jovens e professores estressados, na sala de aula. Em virtude de tanto abandono, querem contar, falar sobre suas aventuras do fim de semana, mas, caímos na armadilha do tempo, e se prioriza o conteúdo pelo conteúdo, distante e vazio, da realidade da criança. Uma grande armadilha para ambos: professores e alunos, desconectados ou desconhecidos? Não sabemos mais quem são nossos alunos, com quem convivemos durante tantos anos, falta conversa.
        A escola tem deixado de abrir espaços para a conversa da criança, para seu contar, para a troca e para a reflexão. Talvez, por receio de “perder tempo” quanto ao conteúdo a ser ministrado, são tantas as avaliações – quantitativas, nesse sistema quantificado que vivemos que a vida pede licença: onde está o humano?
Por isso, podemos pensar em tanta indisciplina, tanta agressão, tantas mortes, tanta tristeza, nas escolas, nas ruas, nas casas, no trabalho, na vida... Falta espaço para a conversa enquanto troca, reflexão, desconstrução, construção, reinvenção de novas idéias, valores e atitudes. Penso que é fundamental um espaço para a conversa, como prevenção de vários problemas, como já vimos, entre pais, filhos, professores, comunidades.
Há de chegar o tempo em que as crianças e os adolescentes não serão vistos mais como máquinas de estudar, e tempo não será visto como dinheiro. Há de chegar o tempo de revermos concepções ultrapassadas, mesquinhas que geram tanta corrupção pela loucura do poder e pelo dinheiro, deuses dos tempos modernos. Há de chegar o momento que reinventaremos a vida, como essência de um mundo mais sereno, mais calmo, mais humano.
Há de chegar o tempo do encontro com o sagrado, com o divino que nos dignifica, com o outro que nos humaniza e nos espiritualiza!
Rossana Maia Angelini

SAUDADES...

       Luna – minha lua prateada, chegou sutil e frágil em minha vida. Com ela, aprendi a força de outro amor, da luta, da dedicação. Seu olhar profundo ensinou-me a me olhar nas profundezas da vida de olhos tão expressivos. Seu olhar sempre encontrou o meu e, nessa profundidade, mergulhávamos para nos compreender. Aprendi com sua meiguice, com seu jeito único de me proteger e de me envolver. Luna com você cresci, mais um pouco, nessa caminhada tão cheia de incógnitas. Lembrar de seu olhar é o que me ampara, o que pode aquecer meu coração e saber que a vida é única e, por isso, como precisamos celebrá-la. Luna, obrigada por ter iluminado pelo meu caminho...
Minha doce poodle, minha doce amiga!
Rossana Maia Angelini

TEXTO PARA REFLEXÂO: ENVELHECER NO CORPO, CRESCER NA ALMA


        A vida é aprendizagem constante. Assim, deveríamos encarar todo o percurso que temos a viver. Creio que o envelhecimento do corpo faz parte dessa trajetória e, para muitas pessoas, vai na contramão, pois o corpo envelhece, mas a alma parece crescer, aperfeiçoa-se nesse processo.
Envelhecer deveria nos dirigir para o encontro do amor e da sabedoria constante. Um aperfeiçoamento que precisamos buscar em vida enquanto estamos. Talvez a sabedoria resida nesse caminhar para a serenidade, para a compreensão mais alargada do outro. Entretanto quantas pessoas envelhecem, estão na terceira idade e não se dão chance de crescer na alma, de ser uma pessoa melhor, mais afetiva, mais compreensiva, mais acolhedora.
        É interessante olhar para a velhice e ver tanta gente endurecida – pessoas que passaram grande parte da vida hostilizando outras pessoas, julgando, muitas amargas, e que permanecem nesse mesmo lugar, apesar do afeto com que são tratadas por outras pessoas mais humanizadoras. Penso que envelhecer é se dar a chance de confraternizar, de semear carinho e amor. No entanto, como chegar a esse caminho, se a vida foi tão dura e maltratou tanto, por tanto tempo? Como compreender esse movimento?
        Muitas pessoas na terceira idade conseguiram dar o salto, perceberam-se e se tornaram melhores, mais amáveis, mais acolhedoras. Porém, muitas ainda permanecem na sua rigidez, no orgulho, no egoísmo, na impossibilidade do afeto, da ternura, de um gesto de generosidade, verdadeiro. Triste!
        Muitas pessoas vivem tanto tempo e não se dão conta de que pararam no tempo, olhando para si mesmas como vítimas eternas de seu próprio desamor. Envelhecer requer sabedoria e, acima de tudo, humildade para perceber-se e sentir, verdadeiramente, o outro. Nem todas estão preparadas... Entender tal procedimento, entende-se, mas o convívio torna-se áspero, artificial, distante.
        Não é porque envelhecemos que nos tornamos “santos”, o respeito é fundamental por parte de todos, sempre! Agora, o amor...? Fica o convite à reflexão.
Rossana Maia Angelini