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Tal qual uma matrioshka (boneca russa), vamos desvendando nossas porções. A cada novo tempo, uma nova aprendizagem. Agora é o momento de nos vermos como seres holísticos que têm: corpo, organismo, cognição (intelecto), inconsciente (desejo) e mente (consciência, espírito).

ANGELINI, Rossana Maia (2011)

“A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.”

VOLTAIRE (1694 -1778)

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

PULSÃO DE MORTE OU PULSÃO DE VIDA – PODEMOS ESCOLHER!
Sobre tantos casos, em especial, o de Goiânia

Atribuímos as mais diversas pessoas e situações – a CULPA. Buscamos, com frequência, o CULPADO, para aliviar nosso sentimento de justiça, de indignação. No entanto, nos esquecemos de que não há um único culpado, em muitas das histórias que vivemos, o que também não justifica a agressão, o ato de matar. Todos temos nossa parcela de contribuição na história em que vivemos, no contexto em que atuamos. 
Ainda não compreendemos que estamos todos ligados, gostemos ou não, fazemos parte de tudo e de todos. Somos uma só pessoa e tudo reverbera. Nossa consciência ecoa e afeta o mundo, de alguma maneira.
Faço um convite aos pais e aos educadores para refletirem sobre nossas crianças e nossos adolescentes. Os filhos precisam dos pais, do seu acolhimento, do seu carinho, de sua presença, da sua interação real. Se os filhos não tivessem a necessidade, fundamentalmente, psicoafetiva de seus pais, não haveria o cordão umbilical, os cuidados, após o nascimento. Somos os únicos seres dependentes de outros, é o outro que nos constitui como seres humanos. Nesse sentido, não estamos sós, nem é essa a nossa herança informativa coletiva. Fazemos parte de uma grande Consciência e dela nos revelamos, afetando uns aos outros em nossa caminhada, e, de alguma forma, afetando tudo ao nosso redor. Nossa responsabilidade humana é vital. Infelizmente, usamos toda a tecnologia disponível, bem como os mais sofisticados conhecimentos, para o mal, mesmo querendo o bem, acabamos dirigindo nosso desejo, nossa energia para a morte. Tudo fica impregnado de morte: violência, agressividade, brincadeiras... Catarse? De alguma forma, estamos nos isolando por “n” motivos. Resta uma solidão que machuca, que frustra.
A escola, no meio desse processo, repete o contexto, não compreende a realidade e não se permite adentrar as questões da alma, do afeto, da saúde emocional. O ser não se encontra, não tem um lugar na escola, na família, na sociedade. Para onde vão as almas de nossas crianças e adolescentes, de nossos jovens que sofrem sem saber do vazio que invade suas vidas, que não compreendem os rumores da vida?
O desfecho mais uma vez encena a morte, a morte do corpo, a morte do filho, a morte de uma história, a morte de um amigo, enfim, a morte das relações. Responsáveis: laudos de transtornos, síndromes, bullying, dificuldades de tudo, o que mais nesse contexto em que todos estamos abandonados? Mal estar da civilização – muito de tudo, mais o ter do que o ser. A essência? O perfume da vida interior – os cuidados, o acolhimento, o olhar nos olhos de nossas crianças, de nossos adolescentes? 
Restou nesse episódio, como em tantos outros (repetição de padrões) - o culpado – o bode expiatório – que revela o sintoma de uma sociedade adoecida, cega – um tipo de cegueira confortável, perigosa onde habita o faz de conta, a falta do humano, da verdade, da nossa singularidade.
Sempre há um culpado, vamos em frente...
Falta energia de AMOR – pulsão de Vida. O que fazer? Olhar nos olhos e sentir a alma que mora naquele corpo, converse com a alma, converse pelo olhar de seu filho, de seu aluno, pelo olhar das pessoas.

Rossana A. Angelini
25/10/2017