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Tal qual uma matrioshka (boneca russa), vamos desvendando nossas porções. A cada novo tempo, uma nova aprendizagem. Agora é o momento de nos vermos como seres holísticos que têm: corpo, organismo, cognição (intelecto), inconsciente (desejo) e mente (consciência, espírito).

ANGELINI, Rossana Maia (2011)

“A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.”

VOLTAIRE (1694 -1778)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

SER FELIZ: MITO OU REALIDADE?


Rossana Maia Angelini

“Felicidade
Brilha no ar
Como uma estrela
Que não está lá
Conto de fadas
História comum
Como se fosse
Uma gota d’água
Descobrindo que o mar é azul”

Ivan Lins

Para ser feliz
é preciso abrir um olho para o encantamento
e deixar o outro entreaberto para a realidade.

Rossana Maia Angelini


Receitas para ser feliz existem muitas. No entanto, o que é ser feliz, hoje? Existe uma medida, um padrão?
Ser feliz é um estado de espírito, é um adjetivo que qualifica um sentimento que, por sua vez, só existe se houver alguém que possa senti-lo ou não. Esse é um dos mais singelos sentimentos que depende do humano, para que possa existir. Compreendemos, então, que para esse sentimento ganhar forma, precisamos construí-lo, em nosso dia a dia, abrindo espaços para que possa acontecer.
O que desencadeia “o ser feliz”? Serão coisas materiais, serão gestos, serão atitudes? Serão outras pessoas que provocarão esse sentimento? Serão os desafios, as conquistas, os filhos, o marido, a esposa, a família, o carro novo, a casa própria? Ser feliz está em nossas mãos? Como ser feliz num mundo carregado de tanta injustiça, tanta dor? É difícil responder. É tão subjetivo!
Por isso, reafirmamos “ser feliz” é uma construção intrapsíquica e interpsíquica, está dentro de nós, na relação que estabelecemos conosco, interiormente, e/ou por meio das relações que estabelecemos com os outros, com o mundo. Portanto, algo subjetivo que depende do como encaramos o contexto em que estamos inseridos e nos relacionamos com ele. Por isso ser feliz é tão diverso.
Precisamos cuidar do mito “ser feliz”, a fim de compreendê-lo em sua inteireza e não nos deixarmos envolver pela eterna expectativa de ser feliz e nunca chegar lá. Como já apontamos, esse é um estado de espírito em que implica construção, logo ser feliz é ponderar sobre a nossa realidade, não de forma dura, racional, mas nos dar a chance de nos compreendermos no mundo presente. Cremos que para isso, é necessário sentir a felicidade e o que nos torna felizes, de fato. Esse é um trabalho de introspecção e de alma. Para ser feliz é imprescindível se reinventar a cada amanhecer e acreditar nas possibilidades de transformarmos nossa caminhada.
Por que falamos, então, que felicidade é um estado de espírito? Ser feliz é uma parcela do sentimento de amor que construímos ao longo de nossa vida. Nesse sentido, o Amor é o maior de todos os nossos sentimentos, dele se irradia tudo o que podemos viver, todos os outros sentimentos com maior ou menor intensidade e/ou frequência. Tudo depende das conexões que podemos estabelecer com o Sagrado, com o Divino, com o Supramental, uma Consciência Unificadora, da qual todos nós fazemos parte, já que somos seres espirituais. Somos parte de uma Energia que nos move e que nos permite a conexão com nossos pensamentos, com nossos desejos.
Na verdade, somos o que pensamos; pois nossos pensamentos (= Energia) têm a capacidade de materializar nossos pensamentos, quando sinceros. Por meio da vibração do pensar, irradiamos um sentimento, uma emoção que alinhados propiciam a criação de uma realidade material.
Tudo no universo é formado por energia que conecta tudo e todos, por meio da vibração que tem a capacidade de alterar nossas moléculas que formam a matéria, logo nosso mundo mental – extrafísico - cria a nossa realidade. Dessa forma, podemos ser o que quisermos e sentirmos o que quisermos, tudo depende da energia (= vibração) que move nossos pensamentos e ações. Assim, nos conectamos com o Supramental e criamos nossa realidade.
Ser feliz ou não também implica em energia, bem como todos os outros sentimentos que nos movem. Tudo se dá por meio de aprendizagem, de escolhas e, acima de tudo, de sermos fieis ao maior de todos os sentimentos – o Amor – e para ser feliz é necessário vibrar positivamente, para que a felicidade seja construída.
A chave mais poderosa do universo é o Amor – portanto, vibrar amor (= energia positiva) continuamente é o que permite nossa conexão, apesar de todos os senões, de todas as barreiras, de todas as intempéries, de todo o sofrimento que enfrentamos.
Parece-nos que, hoje, estamos descobrindo o compromisso com a vida no planeta e a necessidade do respeito, da ética nas relações que estabelecemos; pois estamos todos envolvidos, em toda e em qualquer decisão a ser tomada, sofremos as consequências.
O homem esteve (ainda está) refém da ilusão da materialidade para ser feliz e, por conta disso, caiu na armadilha de nunca alcançar a tão sonhada felicidade e passou a viver em devaneio, sem regras, sem limites, sem respeitar-se e respeitar o outro. Quem é o outro, afinal? O outro sou eu também, portanto, somente por meio de uma aprendizagem que olhe para todos os aspectos da vida, de forma sistêmica, nos libertaremos da expectativa de que para ser feliz é preciso ter, apenas.
Ser feliz é um estado de espírito (energia), está subordinado a nós, a nossa possibilidade de escolha ser ou não feliz. Cremos que isso depende, acima de tudo, do paradigma sob o qual vivemos; pois é a partir dessa compreensão que poderemos encontrar ou não a felicidade tão almejada. Ser feliz é ser, o que demanda uma revisão de nossa espiritualidade/materialidade, dos valores que foram se constituindo nesses últimos séculos, por conta de um crescimento material desenfreado em detrimento ao culto da espiritualidade – da humanização das relações. A felicidade é um sentimento tão simples, tão sutil que, muitas das vezes, não nos damos conta e ela passa despercebida.
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