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Tal qual uma matrioshka (boneca russa), vamos desvendando nossas porções. A cada novo tempo, uma nova aprendizagem. Agora é o momento de nos vermos como seres holísticos que têm: corpo, organismo, cognição (intelecto), inconsciente (desejo) e mente (consciência, espírito).

ANGELINI, Rossana Maia (2011)

“A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.”

VOLTAIRE (1694 -1778)

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

REFLEXÃO:

             Novas lentes para escola

As escolas do séc. XXI não têm de criar e/ou buscar artifícios, mecanismos para justificar a retenção do aluno, porque se sente ameaçada por recursos e/ou processos junto aos órgãos responsáveis pela educação. Na verdade, a escola do séc. XXI não deveria mais gastar energia pensando no binômio: reprovação/justificação, mas, sim, em criar mecanismos para desenvolver a aprendizagem dos alunos, resgatar suas possibilidades de aprender com autoria, com desejo, com vontade.
A escola tradicional, ultrapassada que fica, em pleno séc. XXI, preenchendo papéis e mais papéis para se defender de um recurso, de um processo, posicionando-se como refém, dentro de um pensamento persecutório, não compreendeu, ainda, a ação, a práxis do séc. XXI, por qual a escola deveria se nortear. Estamos no séc. XXI, e devemos pôr em prática as teorias tão estudadas e desenvolvidas por renomados cientistas do séc. XX, já se revirando em seus túmulos frente ao massacre educacional que as escolas continuam cometendo, frente à aprendizagem do aluno. Agora é momento de transformação, não mais de resistência, de mecanismos que sustentam o sentimento persecutório dos educadores, um duelo entre alunos, famílias e escolas, as quais perderam o bom senso, que deixaram de ser escolas para serem espaços de excelência na competitividade, na opressão e no desgaste emocional de todos, melhor, com bons lucros. Negócio rentável! A escola virou um bom(?)negócio! Quanta dor! Paga-se por essa dor, a escola virou sinônimo de dor, quantos alunos e professores doentes!
É imprescindível ao aluno a liberdade para aprender com sentido e com significado, dentro de suas possibilidades e avançar para a zona de desenvolvimento potencial, portanto, reprovar não é mais o caminho, nem aqueles diários pingando sangue e empoderando determinados professores e escolas. Que triste! A escola necessita se reinventar, gastar sua energia na capacitação de professores desejantes, docentes que não tornem os alunos reféns de suas aulas e de suas avaliações traiçoeiras, muitas vezes. Nesse novo contexto, faz-se necessário que o mediador da aprendizagem (professor) desenvolva no sujeito da aprendizagem o gosto, o desejo por conhecer, a fazer as perguntas necessárias para a exploração da vida no séc. XXI.
Não faz mais sentido a reprovação, o retrocesso. O mundo é aprendizagem, somos seres de aprendizagem. O sujeito da aprendizagem precisa caminhar, não paralisar, precisa aprender a construir conhecimento, autoconhecimento por meio da pesquisa, de projetos, da troca, da mediação, de um processo dialógico, tudo isso deve partir da descoberta do professor, do seu profundo desejo de ser autor e coautor com o sujeito da aprendizagem. Desejo que transforma e tira as coisas do lugar empoeirado em que está a nossa escola: chata, opressora, traidora, enganosa, onde todos estão oprimidos. Que condição lamentável! Espelhamos a condição miserável de nosso país: pobre! Pobre no que há de fundamental: uma escola em que impera o apartheid. Urge uma escola transformadora que liberta o humano para a vida em sua beleza e na sua riqueza pelo conhecimento – sagrado ao humano.
A escola precisa fazer novos exames oftalmológicos, trocar suas velhas lentes, perceber um novo enfoque, uma nova vida, dessa forma, olhar para a vida que pulsa, para as habilidades, para as competências, para a performance do sujeito que aprende, uma escola que valorize a capacidade de realização do aluno, por meio de atividades desafiadoras, interessantes que possibilitem a construção da autoria, os projetos encaminhados pelas exigências da comunidade, do entorno. Valorizar a inteligência emocional. O sujeito da aprendizagem, por meio da mediação, deveria aprender a olhar para os problemas que afligem a sociedade, fazer intervenções, construir novas soluções, novas pontes. Isso é autoria!
A escola não precisa mais de mecanismos que a encapsulam e tornam todos reféns – professores, alunos e famílias de um processo desgastado e fracassado. É fundamental que a escola reveja sua filosofia frente ao novo mundo que desperta, para que a educação como um todo seja transformada em nosso país.
A reprovação alimenta o mercado consumista da educação. A escola não poderia mais ser uma mercadoria; no entanto, enquanto for, desumanizará, e, como “cria” do ranking, quem perde é o aluno também, a família. O aluno do século XXI está adoentado, um processo reativo, em que a escola é a mentora. A escola deixou de ser escola para ser cursinho, gerou mais dor! A escola virou uma engrenagem do mercado, quando deveria pertencer ao sagrado; pois o conhecimento liberta e como libertador, liberta toda uma sociedade se a ética e o conhecimento prevalecerem. Aprender deveria ser patrimônio humano, um direito igual para todos.
Escolas, como temos, não mais! Deveríamos ter Centros de Aprendizagens e Pesquisas. Fica a reflexão.

Rossana Angelini

01/2/2018