Total de visualizações de página


Tal qual uma matrioshka (boneca russa), vamos desvendando nossas porções. A cada novo tempo, uma nova aprendizagem. Agora é o momento de nos vermos como seres holísticos que têm: corpo, organismo, cognição (intelecto), inconsciente (desejo) e mente (consciência, espírito).

ANGELINI, Rossana Maia (2011)

“A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.”

VOLTAIRE (1694 -1778)

domingo, 18 de dezembro de 2011

Queridos leitores



Cada ano que se inicia traz uma nova canção, uma nova autoria, para reinventarmos a vida...
Rossana Maia Angelini

Um novo ano está a caminho para novas conquistas, novos interesses, novas possibilidades... A vida é uma eterna reinvenção. A cada tempo, um novo aprendizado. Encarar a vida como possibilidade de aprender, para renovar o espírito, é a maior conquista humana.
O conhecimento é o que nos move e o que nos permite nos encontrar, nos conectar. Somos o que pensamos, portanto, vamos “alargar” nosso espírito, a fim de que possamos construir melhores caminhos para a Vida, para despertar o Deus que mora dentro de nós.
Agradeço a todos a conexão que estabelecemos ao longo desse ano de 2011. O percurso continua aberto para novos encontros, novos conhecimentos, novas conexões, para a compreensão do quem somos nós.
Jesus disse: “Que aquele que procura não deixe de procurar até que encontre. Quando encontrar, ficará perturbado. Quando estiver perturbado, ficará maravilhado e dominará tudo.”
(MEYER, Marvin. O Evangelho de Tomé - As sentenças ocultas de Jesus).
Feliz Espírito de Natal a todos e um Feliz Ano Novo para novos começos e recomeços.
Com eterno carinho,
Rossana Maia Angelini

domingo, 30 de outubro de 2011

TEXTO PARA REFLEXÃO DOS PAIS, PROFESSORES, EDUCADORES: CONVERSAR - A DISCIPLINA QUE FALTA NAS ESCOLAS, NA VIDA



        Creio que a maior dificuldade humana é compreender e desenvolver a espiritualidade, a compreensão do que dá sentido à vida. Talvez, o grande motivo é não poder ouvir nossa essência.
        Desenvolvemos tanta tecnologia para nos reinventarmos no planeta que estamos nos esquecendo da essência que nos move e que nos permite o sentido do amor. O auge de uma perspectiva materialista da vida se iniciou no século XVII, com o advento da Idade Moderna – de lá para cá – o que tem nos regido é o capital, no sentido de acúmulo desenfreado. Desde então, nossa história tem nos encaminhado para um mundo cada vez mais materialista, tendo seu auge no século XIX, quando os cientistas “matam” Deus. Nasce o cientificismo materialista. O mundo rapidamente cresce com as novas descobertas e o sistema passa a nos impulsionar para o “ter” desmedido.
        Dessa forma, o tempo fica escasso, o nosso tempo se materializa e se torna um bem de consumo “tempo é dinheiro”. Nesse ritmo, as pessoas deixam de eleger o humano como centro do processo das relações, deixam de refletir sobre a essência da vida, e as rodas de conversa saem de cena, para dar lugar ao desencanto, ao desencontro virtual. Estamos todos em rede, por meio de trocas fragmentadas e rápidas, econômicas até na linguagem, os significados e significantes, nessa nova ordem, estão reinventados, abreviados, num tempo abreviado, também. Não há mais espaço para o acolhimento, para o olhar humanizador. Tudo gira em torna da máquina, e a pessoa – o sujeito dialógico – se perde, na virtualidade de um mundo online. Volta não há. Para essa nova forma de relação, o que precisamos é reinventar o “toque humano”.
        As crianças e os jovens estão abandonados em outro lugar que ainda não compreendemos, num mundo construído com novos signos e significados, com novas formas de amar e de se relacionar. O encontro do olhar, nessa nova ordem, sai de cena. Talvez, esse movimento esteja cooperando para o aumento do bullying, do estresse, da depressão, da síndrome de burnout e de tantas outras patologias que adoecem nossa alma. Às vezes, penso que nossa vida interior não existe mais, tornou-se fruto de uma efêmera ilusão...
        Entramos no jogo... Tenho recebido muitos relatos de crianças, jovens e professores estressados, na sala de aula. Em virtude de tanto abandono, querem contar, falar sobre suas aventuras do fim de semana, mas, caímos na armadilha do tempo, e se prioriza o conteúdo pelo conteúdo, distante e vazio, da realidade da criança. Uma grande armadilha para ambos: professores e alunos, desconectados ou desconhecidos? Não sabemos mais quem são nossos alunos, com quem convivemos durante tantos anos, falta conversa.
        A escola tem deixado de abrir espaços para a conversa da criança, para seu contar, para a troca e para a reflexão. Talvez, por receio de “perder tempo” quanto ao conteúdo a ser ministrado, são tantas as avaliações – quantitativas, nesse sistema quantificado que vivemos que a vida pede licença: onde está o humano?
Por isso, podemos pensar em tanta indisciplina, tanta agressão, tantas mortes, tanta tristeza, nas escolas, nas ruas, nas casas, no trabalho, na vida... Falta espaço para a conversa enquanto troca, reflexão, desconstrução, construção, reinvenção de novas idéias, valores e atitudes. Penso que é fundamental um espaço para a conversa, como prevenção de vários problemas, como já vimos, entre pais, filhos, professores, comunidades.
Há de chegar o tempo em que as crianças e os adolescentes não serão vistos mais como máquinas de estudar, e tempo não será visto como dinheiro. Há de chegar o tempo de revermos concepções ultrapassadas, mesquinhas que geram tanta corrupção pela loucura do poder e pelo dinheiro, deuses dos tempos modernos. Há de chegar o momento que reinventaremos a vida, como essência de um mundo mais sereno, mais calmo, mais humano.
Há de chegar o tempo do encontro com o sagrado, com o divino que nos dignifica, com o outro que nos humaniza e nos espiritualiza!
Rossana Maia Angelini

SAUDADES...

       Luna – minha lua prateada, chegou sutil e frágil em minha vida. Com ela, aprendi a força de outro amor, da luta, da dedicação. Seu olhar profundo ensinou-me a me olhar nas profundezas da vida de olhos tão expressivos. Seu olhar sempre encontrou o meu e, nessa profundidade, mergulhávamos para nos compreender. Aprendi com sua meiguice, com seu jeito único de me proteger e de me envolver. Luna com você cresci, mais um pouco, nessa caminhada tão cheia de incógnitas. Lembrar de seu olhar é o que me ampara, o que pode aquecer meu coração e saber que a vida é única e, por isso, como precisamos celebrá-la. Luna, obrigada por ter iluminado pelo meu caminho...
Minha doce poodle, minha doce amiga!
Rossana Maia Angelini

TEXTO PARA REFLEXÂO: ENVELHECER NO CORPO, CRESCER NA ALMA


        A vida é aprendizagem constante. Assim, deveríamos encarar todo o percurso que temos a viver. Creio que o envelhecimento do corpo faz parte dessa trajetória e, para muitas pessoas, vai na contramão, pois o corpo envelhece, mas a alma parece crescer, aperfeiçoa-se nesse processo.
Envelhecer deveria nos dirigir para o encontro do amor e da sabedoria constante. Um aperfeiçoamento que precisamos buscar em vida enquanto estamos. Talvez a sabedoria resida nesse caminhar para a serenidade, para a compreensão mais alargada do outro. Entretanto quantas pessoas envelhecem, estão na terceira idade e não se dão chance de crescer na alma, de ser uma pessoa melhor, mais afetiva, mais compreensiva, mais acolhedora.
        É interessante olhar para a velhice e ver tanta gente endurecida – pessoas que passaram grande parte da vida hostilizando outras pessoas, julgando, muitas amargas, e que permanecem nesse mesmo lugar, apesar do afeto com que são tratadas por outras pessoas mais humanizadoras. Penso que envelhecer é se dar a chance de confraternizar, de semear carinho e amor. No entanto, como chegar a esse caminho, se a vida foi tão dura e maltratou tanto, por tanto tempo? Como compreender esse movimento?
        Muitas pessoas na terceira idade conseguiram dar o salto, perceberam-se e se tornaram melhores, mais amáveis, mais acolhedoras. Porém, muitas ainda permanecem na sua rigidez, no orgulho, no egoísmo, na impossibilidade do afeto, da ternura, de um gesto de generosidade, verdadeiro. Triste!
        Muitas pessoas vivem tanto tempo e não se dão conta de que pararam no tempo, olhando para si mesmas como vítimas eternas de seu próprio desamor. Envelhecer requer sabedoria e, acima de tudo, humildade para perceber-se e sentir, verdadeiramente, o outro. Nem todas estão preparadas... Entender tal procedimento, entende-se, mas o convívio torna-se áspero, artificial, distante.
        Não é porque envelhecemos que nos tornamos “santos”, o respeito é fundamental por parte de todos, sempre! Agora, o amor...? Fica o convite à reflexão.
Rossana Maia Angelini



domingo, 18 de setembro de 2011

TEXTO PARA REFLEXÃO: QUEM SOMOS NÓS?


Essa é a grande pergunta que nos move e nos faz seguir... Somos seres em busca de nossa compreensão, de nosso destino humano. Somos, em essência, seres de relação, sistêmicos, estamos presos a uma rede de relações que nos move.
A todo tempo, nossas relações são atravessadas por nosso desejo, por nosso corpo, por nosso organismo, por nossas emoções, por nosso inconsciente, por nossa alma. Creio que, acima de tudo, somos atravessados pelo inconsciente, aquela parte submersa em nossas profundezas que nem sempre temos acesso.
Lacan, foi um psicanalista francês, discípulo de Freud, e uma de suas máximas é que somos seres de desejo, desiderantes. Entretanto, de que desejo se fala? Do nosso desejo? Do desejo do outro? Falamos do maior desejo humano, segundo o autor – o desejo de nos sentirmos desejados. Isso que nos implica com as pessoas, com as coisas do mundo; pois o que mais queremos é ser olhados, acolhidos, amados e, assim, pertencer.
Enfim, nossas relações estão permeadas, inconscientemente, pelo desejo do outro e o quanto valorizamos isso. No entanto, precisamos aprender que o desejo do outro só acontece ou significa algo se nós nos desejarmos, acima de tudo, se nós investirmos em nós, em nossa capacidade de ser uma pessoa inteira, com suas possibilidades, com suas dificuldades, uma pessoa que se permite ter autoria e autonomia sobre sua vida. Desejar-se, investir-se de desejo é o caminho para uma vida melhor. Na verdade, mais do que o ato sexual em si, o que mais desejamos é o desejo de nos sentirmos desejados – fica o convite à reflexão.

Rossana Maia Angelini

sexta-feira, 22 de julho de 2011

SER FELIZ: MITO OU REALIDADE?


Rossana Maia Angelini

“Felicidade
Brilha no ar
Como uma estrela
Que não está lá
Conto de fadas
História comum
Como se fosse
Uma gota d’água
Descobrindo que o mar é azul”

Ivan Lins

Para ser feliz
é preciso abrir um olho para o encantamento
e deixar o outro entreaberto para a realidade.

Rossana Maia Angelini


Receitas para ser feliz existem muitas. No entanto, o que é ser feliz, hoje? Existe uma medida, um padrão?
Ser feliz é um estado de espírito, é um adjetivo que qualifica um sentimento que, por sua vez, só existe se houver alguém que possa senti-lo ou não. Esse é um dos mais singelos sentimentos que depende do humano, para que possa existir. Compreendemos, então, que para esse sentimento ganhar forma, precisamos construí-lo, em nosso dia a dia, abrindo espaços para que possa acontecer.
O que desencadeia “o ser feliz”? Serão coisas materiais, serão gestos, serão atitudes? Serão outras pessoas que provocarão esse sentimento? Serão os desafios, as conquistas, os filhos, o marido, a esposa, a família, o carro novo, a casa própria? Ser feliz está em nossas mãos? Como ser feliz num mundo carregado de tanta injustiça, tanta dor? É difícil responder. É tão subjetivo!
Por isso, reafirmamos “ser feliz” é uma construção intrapsíquica e interpsíquica, está dentro de nós, na relação que estabelecemos conosco, interiormente, e/ou por meio das relações que estabelecemos com os outros, com o mundo. Portanto, algo subjetivo que depende do como encaramos o contexto em que estamos inseridos e nos relacionamos com ele. Por isso ser feliz é tão diverso.
Precisamos cuidar do mito “ser feliz”, a fim de compreendê-lo em sua inteireza e não nos deixarmos envolver pela eterna expectativa de ser feliz e nunca chegar lá. Como já apontamos, esse é um estado de espírito em que implica construção, logo ser feliz é ponderar sobre a nossa realidade, não de forma dura, racional, mas nos dar a chance de nos compreendermos no mundo presente. Cremos que para isso, é necessário sentir a felicidade e o que nos torna felizes, de fato. Esse é um trabalho de introspecção e de alma. Para ser feliz é imprescindível se reinventar a cada amanhecer e acreditar nas possibilidades de transformarmos nossa caminhada.
Por que falamos, então, que felicidade é um estado de espírito? Ser feliz é uma parcela do sentimento de amor que construímos ao longo de nossa vida. Nesse sentido, o Amor é o maior de todos os nossos sentimentos, dele se irradia tudo o que podemos viver, todos os outros sentimentos com maior ou menor intensidade e/ou frequência. Tudo depende das conexões que podemos estabelecer com o Sagrado, com o Divino, com o Supramental, uma Consciência Unificadora, da qual todos nós fazemos parte, já que somos seres espirituais. Somos parte de uma Energia que nos move e que nos permite a conexão com nossos pensamentos, com nossos desejos.
Na verdade, somos o que pensamos; pois nossos pensamentos (= Energia) têm a capacidade de materializar nossos pensamentos, quando sinceros. Por meio da vibração do pensar, irradiamos um sentimento, uma emoção que alinhados propiciam a criação de uma realidade material.
Tudo no universo é formado por energia que conecta tudo e todos, por meio da vibração que tem a capacidade de alterar nossas moléculas que formam a matéria, logo nosso mundo mental – extrafísico - cria a nossa realidade. Dessa forma, podemos ser o que quisermos e sentirmos o que quisermos, tudo depende da energia (= vibração) que move nossos pensamentos e ações. Assim, nos conectamos com o Supramental e criamos nossa realidade.
Ser feliz ou não também implica em energia, bem como todos os outros sentimentos que nos movem. Tudo se dá por meio de aprendizagem, de escolhas e, acima de tudo, de sermos fieis ao maior de todos os sentimentos – o Amor – e para ser feliz é necessário vibrar positivamente, para que a felicidade seja construída.
A chave mais poderosa do universo é o Amor – portanto, vibrar amor (= energia positiva) continuamente é o que permite nossa conexão, apesar de todos os senões, de todas as barreiras, de todas as intempéries, de todo o sofrimento que enfrentamos.
Parece-nos que, hoje, estamos descobrindo o compromisso com a vida no planeta e a necessidade do respeito, da ética nas relações que estabelecemos; pois estamos todos envolvidos, em toda e em qualquer decisão a ser tomada, sofremos as consequências.
O homem esteve (ainda está) refém da ilusão da materialidade para ser feliz e, por conta disso, caiu na armadilha de nunca alcançar a tão sonhada felicidade e passou a viver em devaneio, sem regras, sem limites, sem respeitar-se e respeitar o outro. Quem é o outro, afinal? O outro sou eu também, portanto, somente por meio de uma aprendizagem que olhe para todos os aspectos da vida, de forma sistêmica, nos libertaremos da expectativa de que para ser feliz é preciso ter, apenas.
Ser feliz é um estado de espírito (energia), está subordinado a nós, a nossa possibilidade de escolha ser ou não feliz. Cremos que isso depende, acima de tudo, do paradigma sob o qual vivemos; pois é a partir dessa compreensão que poderemos encontrar ou não a felicidade tão almejada. Ser feliz é ser, o que demanda uma revisão de nossa espiritualidade/materialidade, dos valores que foram se constituindo nesses últimos séculos, por conta de um crescimento material desenfreado em detrimento ao culto da espiritualidade – da humanização das relações. A felicidade é um sentimento tão simples, tão sutil que, muitas das vezes, não nos damos conta e ela passa despercebida.
***

domingo, 26 de junho de 2011

Texto para reflexão: Os filhos serão nossos?



Seus filhos não são seus.
São filhos e filhas da vida e da ânsia de viver.
Vêm do mundo através de você,
mas não são uma extensão do seu ser.
Estão com você, mas não lhe pertencem.
Podem receber o seu amor, mas não os
seus pensamentos, pois têm os seus próprios.
Você pode acolher seus corpos, mas não suas almas,
pois elas habitam o amanhã; algo que você
não conhece sequer em sonhos.
Pode tentar ser como eles, mas jamais
fazê-los serem iguais a você.
Você é o arco e as crianças são as flechas
disparadas em todas as direções.
Pois seja flexível e deixe que o arqueiro as
arremesse diretamente para a felicidade.

GIBRAN KHALIL GIBRAN, O Profeta – in CARROLL, Lee & TOBER, Jan. Crianças Índigo. São Paulo: Butterfly, 2005.
(Nasceu no Líbano, no final do século XIX e sua poesia marca o horizonte existencial)

Deixem seus depoimentos sobre essa reflexão.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

CONEXÕES: A doença nasce na alma e vai para o corpo.


Rossana Maia Angelini

            Cada parte do universo está em nós, em cada um de nós, portanto, somos o universo, estamos todos conectados. E o que nos conecta? A energia, essência da vida.
Vivemos num mundo material e também somos matéria. A matéria é formada por átomos – qualquer matéria (animal, vegetal, mineral) e um dos componentes essenciais à matéria é o átomo formado por prótons, nêutrons elétrons. Seu núcleo é formado por energia condensada. Logo tudo que existe no universo é feito de energia, desde a caneta com que escrevo, às estrelas, os grãos de areia, até nossos ossos... O mundo material é constituído por um conjunto de moléculas, ou seja, de átomos – que são energia condensada.
            O que significa, então, energia condensada? Energia significa força, potência, capacidade de realizar trabalho. Dessa forma, dentro de cada átomo (que nos forma) há energia e as partículas que o compõem vibram o tempo todo, estão em movimento. Se pudéssemos ver as coisas, as pessoas, em um nível macroscópico, veríamos pontos em vibração contínua, o que possibilita nossa materialidade.
Tudo é vibração - energia - nossos corpos, também, são feitos a partir da vibração de energia que emanamos constantemente. Somos pequenos pontos de moléculas em vibração coesa e contínua – o que nos dá a impressão da materialidade. Tudo no universo vibra, se movimenta em diferentes velocidades.
Hoje, a ciência contemporânea tem comprovado que a mente e o cérebro são independentes e que mesmo após a morte do cérebro, a mente continua a se manifestar. Compreendemos, também, que a mente tem a capacidade de alterar a matéria. Somos seres que pensam e os nossos pensamentos circulam por todo nosso corpo e fora dele. Logo, na teoria quântica que estuda o comportamento da matéria e da energia em nível subatômico, o pensamento é energia que pode transmitir para o cérebro físico vibrações de nossos impulsos, emoções e sentimentos positivos ou negativos.
Por meio de estudos, como os de IRMF – Imagens por Ressonância Magnética Funcional e EEGQ – Eletrencefalografia Quantitativa – que mede as correntes elétricas na superfície do escalpo – refletem os registros gráficos das ondas cerebrais, essas ondas podem ser estaticamente analisadas, traduzidas em números e depois reproduzidas como um mapa colorido. A partir desses estudos, já se sabe que muitas ondas de energia como a beta são típicas de forte atividade consciente e muitas ondas teta são típicas dos estados de meditação profunda. Ainda se sabe que o padrão de onda cerebral lenta (ondas teta) não é exclusivo da tradição cristã, foi encontrado em iogues hindus e monges budistas, portanto, parece ser uma característica de misticismo generalizada, ou seja, uma forma de conexão com o que nos transcende, com uma energia supramental.
Recentemente, cientistas conseguiram uma forma de fotografar o percurso do pensamento em três dimensões, como um holograma – tomografia por emissão de pósitron – conhecida como PET. Na tela se vê que a imagem formada a cada pensamento, se modifica. Daí compreendermos que, na Teoria Quântica, pensamento é igual energia que tem vibração, o que cria e materializa nossos pensamentos, o que cria, portanto, o mundo material.
Portanto, se apresento um pensamento distorcido, posso criar uma molécula distorcida – aqui pode se dar o início de uma doença. A doença, então, não nasce no corpo, como muitos cientistas materialistas acreditam, vem d’alma, de nossas emoções, pensamentos e se aloja no corpo, por um desarranjo molecular. Pensamento é energia em alto grau de velocidade e o pensamento está dentro e fora de nós – ele vibra com o universo. Daí conclui-se que a matéria gera energia que gera consciência.
Tudo dentro ou fora de nós, já que estamos todos conectados (somos um), depende do que valorizamos, cremos e pensamos. Somos seres de energia, portanto, podemos transformar, alterar a realidade – pois existe uma conexão entre pensamento e realidade. A cada dia, compreendemos mais e mais que nossos pensamentos criam o universo físico. Toda a ciência, tudo o que construímos nasce em nosso pensamento primeiro e daí concretizarmos no mundo físico. É fundamental que entendamos a importância e as implicações dessa energia em nossas vidas, ou seja, matéria=energia=consciência ou consciência=energia=matéria.
O pensamento atua e modifica todo o processo vibratório de energia dentro e fora daquele que pensa. Podemos dizer que o observador altera a coisa observada, sempre. Dessa forma, nossos pensamentos, nossos sentimentos, nossas emoções que são vibrações – criam um transtorno sobre a matéria em que são projetadas. Sendo assim, é necessário alinharmos pensamento/sentimento/emoção, para acessarmos o equilíbrio de nossos corpos.
Não podemos esquecer que a matéria é movida pela energia e a energia por nossa consciência. Nossa observação, nossa atenção e nossa consciência sobre nós mesmos têm a capacidade de interferir em nosso processo de desenvolvimento. Por isso, devemos ter cuidado com o que pensamos e pensar de forma positiva, é preciso positivar nossos pensamentos.
A atenção é a focalização da consciência que é a manifestação no mundo por meio da matéria; das situações, dos fatos – a consciência processa realidades – sob o foco da consciência, as coisas se concretizam. Nesse sentido, tudo o que determinamos por meio de nossos pensamentos, o universo conspira e realiza; pois a energia que usamos para isso obedece à informação do pensamento. Portanto, é preciso crer para ver, já que somos o que pensamos – temos não o que queremos, mas o que cremos. Assim, devemos cuidar, além de nossas ações, atitudes, de nossos pensamentos que geram a materialidade.
Hoje, já sabemos que a frequência energética mais alta é o Amor; pois ele impacta no ambiente de forma material – produz transformações no ambiente em que nos cerca e até mesmo em nosso DNA.  
Podemos compreender tudo isso do ponto de vista da ciência contemporânea, especialmente por meio da física quântica ou por meio das religiões (ocidentais e orientais) que o homem construiu ao longo dos séculos. Entretanto, uma coisa é certa, não é mais possível negar, que temos uma dimensão que nos conecta a algo muito maior de onde emanamos. Com certeza, uma energia tão positiva que irradia Amor. Logo, essa é a frequência com que devemos nos conectar para evoluirmos como seres humanos.
Esse é o momento de articularmos os saberes sejam eles científicos ou religiosos, porque tudo isso faz parte da condição humana, assim como ter um inconsciente. Esses saberes que nos compõem precisam ser divulgados e recuperados para darmos conta de uma vida melhor, nesse planeta, nesse momento. Somos todos aprendizes de um novo paradigma em que a vida é muito maior do que pensamos: somos mais do que a matéria e navegamos pelos tempos trocando aprendizagens.  Somos uma forma de energia que emana da Criação.


REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO


I Simpósio Internacional - Explorando as Fronteiras da Relação Mente-Cérebro – Brasil, setembro de 2010.
BEAUREGARD, Mario & O’LEARY. O cérebro espiritual – uma explicação neurocientífica para a existência da alma.Tradução: Alda Porto. - Rio de Janeiro: Best Seller, 2010.
GOSWAMI, Amit. O Médico Quântico – orientações de um físico para a saúde e a Cura. Tradução:Euclides L. Calloni, Cleusa M. Wosgrau. - São Paulo: Cultrix, 2006.
______________. O Ativista Quântico – princípios da física quântica para mudar o mundo e a nós mesmos.Tradução: Marcelo Borges. – São Paulo: Aleph, 2010.
MARTINS, Maria Aparecida. Primeira Lição – uma cartilha metafísica. São Paulo: Espaço Vida & Consciência, 1998.

domingo, 8 de maio de 2011

Autoria e Criatividade na Educação



Rossana Maia Angelini

         Para compreendermos porque falamos em autoria e criatividade na educação hoje, no século XXI, precisamos nos dar conta que estamos sob uma nova visão de mundo: o paradigma da Pós-Modernidade, que compreende o homem de forma holística, sistêmica. Para que a autoria seja desenvolvida, devemos trabalhar com a autonomia de pensamento do aprendente, a fim de que possa sair do lugar comum, buscar soluções criativas para os problemas que vier   enfrentar, que possa ousar e evitar uma grave doença: a da “normapatologia” – a doença da mesmice, e saltar para um movimento em que possa se redescobrir enquanto criador, empreendedor de novas idéias.
         A educação é essencial à construção desse processo. À medida que os grandes teóricos trouxeram suas novas pesquisas sobre o homem, o mundo, e seu desenvolvimento, não mais podemos nos deixar levar por uma ação, por uma práxis pedagógica descontextualizada. Piaget (1896-1980), psicólogo, no século XX, trouxe-nos grandes estudos acerca do desenvolvimento da criança, dentre eles, a pesquisa que resultou num livro: O juízo moral na criança (1977). Creio ser importante retomar esse estudo para compreendermos como desenvolver a autonomia na educação. Para o autor, a criança passa por um desenvolvimento moral: na fase da anomia, natural à criança pequena, não existem regras e normas, já no adulto, evidencia-se por aquele que não respeita as leis, as pessoas. Já na moralidade heterônoma, os deveres são impostos, tanto a criança ou adulto obedecem às regras por medo de ser punido. Quando há ausência de autoridade, prevalece a indisciplina. Na moralidade autônoma, tanto a criança como o adulto desenvolvem uma consciência ética sobre as relações. A responsabilidade pelas suas atitudes são eles mesmos, independe da autoridade de outro. Hoje, concebemos um processo educacional que deve levar a criança a deixar de seu egocentrismo natural nos primeiros anos de vida, anomia, caminhar para a heteronomia, até chegar, de forma natural, à construção de sua autonomia moral, intelectual. O objetivo central é o de uma educação pautada pela autonomia de pensamento e, que consequentemente, possa desenvolver autoria e criatividade.
Dessa forma, existe, hoje, em nossa sociedade a preocupação de construir a autonomia de pensamento, por meio de uma ética que considere o humano de forma holística, o que se tornará mais compreensível, quando aprendermos a nos colocar no lugar do outro, construir auto-respeito, respeito aos outros. Esse é o passo para o desenvolvimento da consciência.
         O sujeito que tem autonomia, tem capacidade de construir a autoria da vida e criar soluções inovadoras aos problemas que se apresentarem no percurso. Somente nos comprometendo e nos responsabilizando com o todo, teremos capacidade de melhorar o mundo. Buscamos construir, então, uma nova sociedade, em que todos estão interligados. A Física Quântica que trabalha com as menores partículas da molécula tem nos apresentado um novo mundo. Isso só foi possível porque os cientistas saíram do lugar comum, por meio de perguntas e de muita reflexão.
         É, portanto, a criatividade que nos move o tempo todo, por uma necessidade de adaptação. Albert Einsten (1879 – 1955), físico e humanista alemão – autor da Teoria da Relatividade – que revolucionou o mundo, dizia “A imaginação é mais importante que o conhecimento...” são as perguntas, as curiosidades que nos movem, as necessidades, a ousadia e, acima de tudo, a reflexão.
         A jornada do homem é longa, sempre que precisou se adaptar às condições do planeta, necessitou ousar, desenvolver cultura, criar artefatos, ferramentas que o ajudassem a lidar com a vida, sobreviver. Criou, dessa forma, tecnologia – ferramentas – que o auxiliassem a abrir novos caminhos, e não parou mais.
         Podemos dizer que foi com os mitos que o homem criou suas primeiras histórias para dar conta do inexplicável, como a morte, por exemplo. Há muito tempo, no período paleolítico (20.000 a 8.000 a. C.), o Homem de Neandertal, caçador, enterrava seus mortos em posição fetal e com alguns pertences, descoberta feita por arqueólogos, ao encontrarem cemitérios dessa época. Talvez, pensasse na vida pós-morte e para dar conta disso, criou histórias. O que quero dizer com tudo isso é que o homem é um ser de criação, de imaginação, um ser simbólico.
         Já caminhamos uma década do século XXI, a sociedade, o mundo mudou, não podemos mais conceber a educação como os escribas de 3.000 a. C., na Babilônia, quando criaram a escrita cuneiforme, cuja aprendizagem era baseada na transmissão, na repetição, na memorização, no castigo corporal. Temos que, finalmente, dar “o salto” e entendermos as novas ciências que têm colaborado para a compreensão da aprendizagem humana enquanto construção, interação, para que, então, desenvolvamos novas estratégias e metodologias adequadas a esse novo paradigma.
Se quisermos ver uma sociedade baseada na democracia, na sustentabilidade, todos terão de se envolver com a construção desse novo momento, e isso deve partir de uma consciência educacional pós-moderna, que tenha como fundamento a ética, a autonomia de pensamento, a responsabilidade pela vida, seja como for.
Referências Bibliográficas:
ANGELINI, Rossana Ap. V. Maia. O Processo Criador em Literatura Infantil. São Paulo: Ed. Letras e Letras, 1991.
PIAGET, Jean. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994.
POZO, Juan Ignacio. Aprendizes e Mestres – A nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.
ARMSTRONG, Karen. Breve História do Mito. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ALERTA!

Como é difícil a construção de um novo paradigma, de uma nova compreensão sobre o humano e suas relações com a vida. Creio que estamos no “olho do furacão”, uma grande confusão de valores. Teoricamente, temos muita literatura e pesquisas científicas sobre uma nova maneira de compreender o mundo e as relações que estabelecemos com ele. Entretanto, como é difícil por em prática tudo isso. Creio que o século XX, por meio de grandes pesquisadores e cientistas, apresentou-nos as mudanças: Freud, Einstein, Piaget, VygotsKy, Wallon, Jung, Lacan, Maturana e tantos outros. Cabe, então, agora no século XXI, reconhecermos o novo paradigma e colocarmos em ação outra forma de nos relacionarmos com a vida no planeta, seja essa vida de quem for, como for. Meu Deus, somos humanos, e como isso é difícil! É um tremendo salto para a nossa evolução individual e para o todo que nos cerca, precisamos desenvolver nossa espiritualidade por meio da ética.
Caminhar para a evolução esse é nosso objetivo final, penso. Por isso, estamos na educação que deveria ser pioneira para a conquista das mudanças. Porém, está difícil... Precisamos conscientizar nossas crianças e nossos jovens para essa empreitada, quem sabe, eles poderão construir um novo planeta com mais ética, solidariedade, compromisso e respeito à vida. Meus alunos me lembram o tempo todo da des-conexão que enfrentamos na formação: teoria e práxis são antagônicas hoje. No entanto, não podemos continuar repetindo os mesmos movimentos, precisamos crescer e possibilitar fundamentos coerentes e incisivos para que nossos jovens possam redimensionar a educação em nossa sociedade. É preciso promover a reflexão, sempre... Por meio das discussões das novas teorias e das novas descobertas da ciência contemporânea, para isso é preciso sair do lugar comum, de uma educação repetitiva e alienadora, é vital construir a autonomia de pensamento, a autoria e a criatividade, para que todos assumam suas responsabilidades com ética e consciência do respeito ao outro, acima de tudo, educar o espírito. Somos seres espirituais. Será utopia? Será ilusão? Não sei, no entanto é isso que me move enquanto professora que trabalha com formação de professores. Para onde caminhamos? O que podemos fazer? Há momentos de muita dor, de desalento, de sufoco, mas temos uma missão que está além de nossa alma: o compromisso com a divulgação do conhecimento, a única saída para enfrentarmos a vida com dignidade e possibilitarmos a humanização. Onde está nossa bandeira? Onde está nossa coragem? O sonho acabou? Por isso recomendo: perguntem-se todos os dias de suas vidas: “Por que eu quero ser professor?” Não deixe a pergunta calar e caminhe de cabeça erguida, fazendo a diferença nesse país de tantos sofrimentos por conta de ignorância, falta de Luz. Vamos ter cuidado: “Em país de cegos, quem tem um olho é rei”. Para onde caminha, de fato, a nossa educação? São muitas perguntas. O apartheid está instalado, como rever tudo isso de forma ética e humana? Somos todos responsáveis, por isso compete a nós discutir as mudanças. Estamos vivos ou somos zumbis perdidos no limbo da vida?
As mudanças urgem de fato, para que possamos construir um país melhor, uma vida melhor. Isso é possível, desde que a educação se torne a veia desse país. Que todos respirem educação, fundamentalmente, a mídia que exerce tanta influência em nossas vidas, que instigue, que ilumine e possa contribuir positivamente para que a educação seja essencial e não banalizada. Que todos sejam, verdadeiramente, pela educação, para que juntos possamos rever todo esse processo educacional que temos construído ao longo dos séculos. 

PONTO DE MUTAÇÃO

Recortes de diálogos do filme “Ponto de Mutação” – e sua interpretação, a partir de uma perspectiva pós-moderna.
Rossana Maia Angelini.

         O filme apresenta o pensamento da humanidade desde  a ideia mecanicista, com Descartes, caminhando até nossa atualidade. Tem como foco o paradigma científico baseado na Física Atômica ou Quântica. O filme ainda retrata conceitos sociais dessa nova era, tomando o todo como indissociável e a vida como um organismo vivo. O autor parte de uma concepção holística e sistêmica para explicar as relações que estabelecemos com a vida. Essas questões são discutidas por três personagens: um político dos EUA (Jack Edwards, interpretado por Sam Waterston) que vai à França visitar um amigo poeta (Thomas Haniman, interpretado por John Heard). Num antigo castelo medieval francês, conhecem uma cientista - física quântica - (Sônia Hoffman, interpretada por Liv Ulman) e juntos tecem uma profunda discussão sobre questões existenciais.  Filme baseado no livro publicado em 1983 por CAPRA, Fritjof - Ponto de Mutação (Turning Point). Sugestão: vídeo.google.com.br 
PONTO DE MUTAÇÃO

PARADIGMA DA PÓS-MODERNIDADE

PENSAMENTO SISTÊMICO

         A Teoria dos Sistemas pensa nos princípios de organização, em vez de picotar as coisas, ela olha para os sistemas vivos como um todo. Como se pode falar de uma árvore, sem falar em folha, caule, raiz? Para compreender as coisas não é preciso separá-las. É possível explicá-las, sem mencionar as partes.
         Um cartesiano olharia para a árvore e a dissecaria, mas então, ele jamais entenderia a natureza da árvore. Um pensador de sistemas veria as trocas sazonais entre a árvore, o céu, a terra e a árvore. Ele veria o ciclo anual que é como uma gigantesca respiração que a Terra realiza com suas florestas, dando-nos oxigênio. O sopro da vida ligando a Terra ao céu e nós, no universo.
         Um pensador de sistema veria a árvore somente em relação à vida de toda a floresta. Ele veria a árvore como o habitat dos pássaros, o lar dos insetos. Agora, se tentasse entender a árvore como algo isolado, ficaria intrigado com os milhões de frutos que produz na vida; pois, só uma ou duas árvores resultarão deles. Mas se ele olhar a árvore como um membro de um sistema vivo maior, tal abundância de frutos fará sentido; pois, centenas de animais e aves sobreviverão graças a ela.
         Interdependência! A árvore não sobrevive sozinha. Para tirar água do solo, precisa dos fungos que crescem na raiz. O fungo precisa da raiz e a raiz precisa do fungo. Se um morrer o outro morre também. Há milhões de relações como esta no mundo, cada uma envolvendo uma interdependência.
         A Teoria dos Sistemas reconhece esta teia de relações como a essência de todas as coisas vivas. A dependência comum a todos nós é um fato científico – uma teia de relações. A própria Teia da Vida. Isso responde à questão: O que é a vida?
         Na linguagem dos sistemas, a essência da vida é a auto-organização, significa que um sistema vivo se mantém, se renova, se transcende sozinho. Como ele se mantém?
         Um sistema vivo embora dependa do ambiente, não é determinado por ele. Os campos de centeio (numa das ilhas da França), por exemplo, deveriam ser verdes o ano todo, por causa das chuvas, mas todo verão, eles ficam amarelos. Por quê? Vamos usar uma metáfora, cada planta lembra que surgiu no clima seco do sul da Ásia. Ela lembra (memória celular, talvez?), e nem o clima muito diferente muda esse mecanismo. Ela se mantém e se organiza sozinha. Nós, por exemplo, como todo ser vivo, nos renovamos sempre em ciclos contínuos, bem mais rápido do que imaginam. Sabiam que o pâncreas substitui a maior parte de suas células a cada vinte e quatro horas? Acordamos com um pâncreas novo todo dia e uma nova mucosa gástrica, também. Nossa pele descama à razão de milhares de células por minuto. Ao mesmo tempo que as células mortas caem, um igual número se divide e forma uma nova pele. Assim, a vida se renova.
         Como Heráclito disse “Impossível pisar no mesmo rio duas vezes.”
         Sim e não.
         Embora as células sejam trocadas, reconhecemos um ao outro,
porque o padrão de nossa organização continua o mesmo, uma das características importantes da vida, mudança estrutural contínua, mas estabilidade nos padrões de organização dos sistemas.
         E a vida é só isso?
         Não! Há auto-transcendência. A auto-organização. A auto-organização não consiste apenas nos sistemas vivos se manterem e se renovarem continuamente. Significa também que tem uma tendência a se transcenderem, a se entenderem e a criarem novas formas. Essa é a parte mais emocionante da vida.
         A dinâmica evolutiva básica não é a adaptação, é a criatividade. Então, os sistemas evoluem só por evoluir e então vêem se precisam daquilo para sobreviver? A criatividade é um elemento básico da evolução. Cada organismo vivo tem potencial para a criatividade, para surpreender e transcender a si mesmo. A evolução é muito mais do que a adaptação ao meio ambiente.
         O que é o meio ambiente senão um sistema vivo que evolui e se adapta criativamente? Quem se adapta a quem? Um se adapta ao outro. Eles co-evoluem. A evolução é uma dança em progresso, uma conversa em progresso. Somos sistemas e o planeta também. Não evoluímos no planeta, evoluímos com o planeta.
         Não estamos no planeta, somos o planeta!
SOMOS UMA SÓ PESSOA

“Se as portas da percepção se abrissem, tudo pareceria como é.”
Willian Blake
           
         A vida é um monte de padrões de possibilidades. Possibilidades de quê? De conexões – possibilidades de conexões. Para os físicos, as partículas são dependentes, uma partícula é, essencialmente, um conjunto de relações que se estendem para se conectarem a outras coisas. Conexões de outras coisas, mas que também são conexões e assim por diante.
         Na física atômica nunca se tem objetos. A natureza essencial da matéria não está nos objetos, mas nas conexões. Na música, por exemplo, as notas isoladas de um acorde não carregam nada.  Portanto, a essência do acorde está nas relações. E a relação entre a duração e a frequência, compõem a melodia. As relações formam a música, as relações formam a matéria.
         Música das esferas, como dizia Kepler e Shakespeare, antes dele, e Pitágoras antes dele. Esta visão do Universo feito de harmonia de sons e de relações não é uma descoberta nova. Os físicos estão apenas provando o que chamamos de objeto, átomo, molécula ou partícula, é só uma aproximação, uma metáfora. No nível subatômico, ela se dissolve numa série de conexões, como a música.
         -Então, há limites entre você e eu, por exemplo?!
         -Somos dois corpos separados, não?! Isso não é ilusão, é?!
         -Sim! Quero dizer que há mesmo uma conexão física entre você e eu e entre você e o muro lá, atrás e o ar e este banco. No nível subatômico, há uma troca contínua de matéria e energia. Por exemplo, entre minha mão e esta madeira, entre a madeira e o ar e até entre você e eu! Uma troca real de fótons e elétrons.
No fim das contas, gostemos ou não, somos todos parte de uma teia inseparável de relações: somos um.
         Por isso, dizemos que a totalidade do Universo está contida em cada ser. Toda matéria, em qualquer nível concreto, palpável (animal, vegetal, mineral) é constituída de átomos. O átomo compõe a matéria. O átomo é uma partícula divisível em: prótons, nêutrons e elétrons. Os átomos vivem em comunidades chamadas moléculas e dentro dos átomos existe uma quantidade muito grande de energia armazenada. Tudo no universo tem energia, porque tudo é formado por moléculas  que contém os átomos e sua energia. Energia é força, é vibração, é atividade, é capacidade de realizar trabalho, é algo que atua e produz efeito.
         Nesse sentido, dentro do átomo, as partículas (prótons, nêutrons e elétrons) estão em movimento. Portanto, quando vemos a matéria, vemos um sólido que no nível subatômico é um conjunto de moléculas em vibração que dão a idéia de uma massa uniforme. Na verdade, somos tudo e todos um enxame de átomos. Imagine o Pontilismo, um estilo de pintura, quando olhada bem de perto a pintura, vê-se um amontoado de pontinhos, assim, somos no nível subatômico. De longe, temos a noção do todo, do sólido. Se pudéssemos nos olhar e a tudo que nos cerca por meio de um microscópio gigantesco, veríamos uma infinidade de átomos em vibração, como um grande formigueiro em ação. E o que é mais interessante é a possibilidade dos elétrons saltarem e mudarem de lugar; por isso, trocamos elétrons o tempo todo com tudo e todos, o que nos faz estar em conexão com a vida, a todo tempo. A esse fenômeno, os físicos chamam de salto quântico, mas não é um salto comum de um lugar para o outro simplesmente, o elétron dá o salto sem jamais passar pelo espaço entre eles. Em vez disso, parece que desaparece em um degrau e reaparece no outro de forma inteiramente descontínua. A ocasião em que o elétron dá o salto, e para onde, é acausal e imprevisível, porque a probabilidade e a incerteza governam o salto quântico.
Sobre a Construção dos Processos de Leitura e Escrita: Alfabetização - no Paradigma da Pós-Modernidade.
  Rossana Maia Angelini

 A Teoria dos Sistemas pensa nos princípios de organização, em vez de picotar as coisas, ela olha para os sistemas vivos como um todo. A partir de uma concepção tradicional, como se pode falar de alfabetização, sem falar em letras, sons e sílabas?! Dentro do paradigma da pós-modernidade, para compreender as coisas não é preciso separá-las. É possível explicá-las, sem mencionar as partes.
         Um cartesiano olharia para a alfabetização e a dissecaria, mas então, ele jamais entenderia a natureza da alfabetização. Um pensador de sistemas veria as trocas entre as palavras, a criança e seu contexto. Ele veria o ciclo, as relações, a criança, o contexto e a alfabetização enquanto uma construção de processos de leitura e escrita.
         Um pensador de sistema veria a alfabetização somente em relação à vida de toda a criança. Ele veria a criança como o mundo das palavras, do discurso, da autoria. Se ele olhar a criança e a construção dos processos de leitura e escrita como um sistema vivo maior, haverá maior abundância de crianças alfabetizadas e tudo fará sentido.
         Interdependência! A alfabetização não sobrevive sozinha. É a construção de um processo. 

domingo, 13 de março de 2011

POESIA: A Sétima Lágrima

A Sétima Lágrima

Uma lágrima
Duas lágrimas
700 Km por hora de
Ondas de lágrimas
Incontidas
Chora
O planeta...

Gaia arrebenta
Entranhas
Pulsam
Movimenta
A comunidade
Humana
Dobra-se

Urgente decrescer
Renascer
Vidas compartilhadas
Espiritualizadas
Na dança
Estremecida
Da vida

Insustentável
Leveza...

O 7º temor mais violento do mundo
10/03/2011
Rossana Maia Angelini

sexta-feira, 11 de março de 2011

Texto para reflexão: Cenas do Brincar

Cenas do Brincar

         Há algum tempo, uma professora perguntou-me por que um de seus alunos só utilizava a cor preta dos lápis coloridos para pintar seus desenhos, se esse movimento trazia algum conteúdo emocional, perguntou também se não seria interessante intervir e tirar o lápis da criança, para que ela pudesse colorir seus desenhos com outras cores.
         Com certeza, a professora precisava de orientações. Então, iniciamos uma conversa e pedi a ela que pensasse sobre o significado da cor do desenho, ainda se a criança estava passando por alguma situação difícil de separação ou de perda na família e/ou na escola. Essas questões são fundamentais; pois nos ajudam a compreender o que se passa no emocional da criança. Assim, a professora definiu a cor preta por tristeza, luto, dor e ao conversar com a criança descobriu que o avô, de quem muito gostava, havia falecido. Foi dessa forma reflexiva que a professora pode entrar no universo da criança e acolher aquela dor. Proibi-la de usar a cor preta de nada adiantaria, não resolveria o problema, não faria sentido algum. Compreendeu, então, o como o desenhar, o pintar, espontaneamente, assim como o brincar são fundamentais para entrarmos no universo da criança e ajudá-la na elaboração das questões que põe em cena.
         O brincar espontâneo é tão importante que Melanie Klein (1882-1960), psicanalista austríaca que, para entender os problemas das crianças, passou a usar a brincadeira como diagnóstico, em suas terapias. Essa técnica possibilitava a compreensão da história da criança bem como seu sentido.
         Esse movimento nos leva a entender o brincar como fundamental no processo de aprendizagem da criança. Brincando a criança pode colocar em cena a representação de sua história, a qual não pode verbalizar diretamente em algumas ocasiões. Se não é possível falar, é possível brincar, uma oportunidade da criança contar e ressignificar sua história, o que diminui sua angústia, por meio de uma outra forma de comunicação que requer do outro um movimento de significação e sentido.
         A criança que brinca tem uma imagem do corpo constituída, porque tem capacidade de simbolizar, de pôr em cena sua história. Para tanto, acreditamos que para o brincar espontâneo ocorrer, há necessidade de um espaço de confiança, um espaço emocional positivo gerado pelo professor, pelo psicopedagogo, enfim por aquele que desenvolve a potencialidade de aprendizagem da criança. Faz se preciso uma escuta apurada aos signos que são expressos, a partir de uma linguagem verbal ou não-verbal veiculada pela criança: seu olhar, seu gesto, seu silêncio, uma forma de entrar em comunicação com o outro, o interpretante de seus signos, alguém que pode significá-los ou ressignificá-los, expandindo seu universo, consequentemente sua comunicação, uma possibilidade de livrá-la de uma introspecção total.
         O brincar envolve diferentes cenas, diversos caminhos e possibilidades de entrar em contato consigo mesmo e com o mundo. Uma das brincadeiras que temos escutado psicopedagogicamente é o brincar com o traçado. Se algumas retas representam antenas, os círculos podem representar pétalas de rosa ou uma face escondida que deseja aparecer. Brincar com o traçado pode levar a uma ampliação do mundo perceptivo e afetivo da criança, ou seja, é na interação com o outro, o qual dá sentido e amparo ao que é realizado pela criança que pode ocorrer a significação ou ressignificação de um traçado, de uma história, de uma vida. Atribuir um significado ao que a criança constrói é o que propicia um redimensionamento de sua interação com o mundo, ampliando sua comunicação e sua relação afetiva com os outros. Basta olharmos para os pichadores, quando ressignificado seu gesto e seu traçado, sua brincadeira agressiva, uma forma de comunicação com o mundo, deixa de ser marginal e desafetuosa. O novo olhar construído pela sociedade levou esse sujeito a reencontrar o afeto perdido, a dar um sentido à sua produção, agora ressignificada, hoje denominados artistas grafiteiros.
         A analogia nos proporciona a capacidade de reflexão e a ampliação de nossas relações de afetividade e amparo ao que o outro nos apresenta. Brincar, seja qual for a brincadeira, pressupõe uma dimensão simbólica, e é desse lugar que estaremos ampliando as nossas possibilidades de aprendizagem da criança e de sua afetividade com o mundo, visto que, com base na filogênese (evolução da espécie) e na ontogênese (evolução do indivíduo), o homem é um ser de símbolos, de metáforas, de associações, de arte, logo o homem é um ser de representação. Dessa forma, significar suas representações é a possibilidade de interpretá-las e daí estabelecermos uma comunicação, um diálogo que presentifica, vivifica e o torna um ser de relações.
         Por exemplo, ao significarmos, um movimento involuntário do bebê por um gesto voluntário, atribuindo-lhe um significado, como um sorriso, isso nos dá a capacidade de interação, de uma comunicação dialógica com a criança em relação a ela mesma e ao mundo a sua volta. É por esse caminho que vamos trilhando, buscando as possibilidades de aprendizagem da criança, significando sua produção, suas representações, redimensionando sua capacidade de aprender por meio do brincar. Quando não colocamos em palavras o que sentimos, podemos expressar nossos sentimentos por meio da música, da pintura, do desenho, da poesia, da escultura, das artes, em geral, do brincar; pois somos seres simbólicos, isso nos permite navegar por mares desconhecidos e enfrentar nossos fantasmas, nossas dores, nossa vida.
         As crianças são seres de comunicação, seres interpretantes, intérpretes de um mundo que requer, urgentemente, afeto e amparo daqueles que fazem parte de suas relações. Brincar é essencial à vida da criança, por isso, hoje, quando as crianças entram tão cedo na escola, é preciso repensar esse espaço e possibilitar a elas momentos lúdicos, espontâneos, para que exerçam sua autoria e sua criatividade.