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Tal qual uma matrioshka (boneca russa), vamos desvendando nossas porções. A cada novo tempo, uma nova aprendizagem. Agora é o momento de nos vermos como seres holísticos que têm: corpo, organismo, cognição (intelecto), inconsciente (desejo) e mente (consciência, espírito).

ANGELINI, Rossana Maia (2011)

“A falsa ciência cria os ateus, a verdadeira, faz o homem prostrar-se diante da divindade.”

VOLTAIRE (1694 -1778)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

PONTO DE MUTAÇÃO

PARADIGMA DA PÓS-MODERNIDADE

PENSAMENTO SISTÊMICO

         A Teoria dos Sistemas pensa nos princípios de organização, em vez de picotar as coisas, ela olha para os sistemas vivos como um todo. Como se pode falar de uma árvore, sem falar em folha, caule, raiz? Para compreender as coisas não é preciso separá-las. É possível explicá-las, sem mencionar as partes.
         Um cartesiano olharia para a árvore e a dissecaria, mas então, ele jamais entenderia a natureza da árvore. Um pensador de sistemas veria as trocas sazonais entre a árvore, o céu, a terra e a árvore. Ele veria o ciclo anual que é como uma gigantesca respiração que a Terra realiza com suas florestas, dando-nos oxigênio. O sopro da vida ligando a Terra ao céu e nós, no universo.
         Um pensador de sistema veria a árvore somente em relação à vida de toda a floresta. Ele veria a árvore como o habitat dos pássaros, o lar dos insetos. Agora, se tentasse entender a árvore como algo isolado, ficaria intrigado com os milhões de frutos que produz na vida; pois, só uma ou duas árvores resultarão deles. Mas se ele olhar a árvore como um membro de um sistema vivo maior, tal abundância de frutos fará sentido; pois, centenas de animais e aves sobreviverão graças a ela.
         Interdependência! A árvore não sobrevive sozinha. Para tirar água do solo, precisa dos fungos que crescem na raiz. O fungo precisa da raiz e a raiz precisa do fungo. Se um morrer o outro morre também. Há milhões de relações como esta no mundo, cada uma envolvendo uma interdependência.
         A Teoria dos Sistemas reconhece esta teia de relações como a essência de todas as coisas vivas. A dependência comum a todos nós é um fato científico – uma teia de relações. A própria Teia da Vida. Isso responde à questão: O que é a vida?
         Na linguagem dos sistemas, a essência da vida é a auto-organização, significa que um sistema vivo se mantém, se renova, se transcende sozinho. Como ele se mantém?
         Um sistema vivo embora dependa do ambiente, não é determinado por ele. Os campos de centeio (numa das ilhas da França), por exemplo, deveriam ser verdes o ano todo, por causa das chuvas, mas todo verão, eles ficam amarelos. Por quê? Vamos usar uma metáfora, cada planta lembra que surgiu no clima seco do sul da Ásia. Ela lembra (memória celular, talvez?), e nem o clima muito diferente muda esse mecanismo. Ela se mantém e se organiza sozinha. Nós, por exemplo, como todo ser vivo, nos renovamos sempre em ciclos contínuos, bem mais rápido do que imaginam. Sabiam que o pâncreas substitui a maior parte de suas células a cada vinte e quatro horas? Acordamos com um pâncreas novo todo dia e uma nova mucosa gástrica, também. Nossa pele descama à razão de milhares de células por minuto. Ao mesmo tempo que as células mortas caem, um igual número se divide e forma uma nova pele. Assim, a vida se renova.
         Como Heráclito disse “Impossível pisar no mesmo rio duas vezes.”
         Sim e não.
         Embora as células sejam trocadas, reconhecemos um ao outro,
porque o padrão de nossa organização continua o mesmo, uma das características importantes da vida, mudança estrutural contínua, mas estabilidade nos padrões de organização dos sistemas.
         E a vida é só isso?
         Não! Há auto-transcendência. A auto-organização. A auto-organização não consiste apenas nos sistemas vivos se manterem e se renovarem continuamente. Significa também que tem uma tendência a se transcenderem, a se entenderem e a criarem novas formas. Essa é a parte mais emocionante da vida.
         A dinâmica evolutiva básica não é a adaptação, é a criatividade. Então, os sistemas evoluem só por evoluir e então vêem se precisam daquilo para sobreviver? A criatividade é um elemento básico da evolução. Cada organismo vivo tem potencial para a criatividade, para surpreender e transcender a si mesmo. A evolução é muito mais do que a adaptação ao meio ambiente.
         O que é o meio ambiente senão um sistema vivo que evolui e se adapta criativamente? Quem se adapta a quem? Um se adapta ao outro. Eles co-evoluem. A evolução é uma dança em progresso, uma conversa em progresso. Somos sistemas e o planeta também. Não evoluímos no planeta, evoluímos com o planeta.
         Não estamos no planeta, somos o planeta!

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